Não
ficou pedra sobre pedra.
Nenhum rastro se encontrava sob a devastação.
Tudo
havia sido em vão até ali.
A
fumaça cobria o horizonte, o sol estava branco, luz acinzentada, palidez de um
verão amorfo.
Os
caminhos percorridos até então não existiam mais.
Olhava
onde havia antes uma estrada e só enxergava o fim.
Como
se o passado se resumisse a passos largos deixados pelo chão.
Como
se o futuro não tivesse explicação.
Os
fins precisam de meios.
Não
havia.
Quando
não se há para onde voltar, o único caminho é o destino.
Incerto,
acaso, ao léu.
“Terra
à vista”, diriam os navegadores que nunca olham para trás.
Girou
o corpo lentamente, na certeza de que tudo ao redor estivesse igual.
Destruição,
ruína.
Cheiro
de podre, de fumaça, de desesperança.
Fechou
os olhos e completou a volta.
Sabia
que de agora em diante sua história e tudo aquilo do que tinha certeza não
significavam mais nada, além de palavras sem sentido, provas sem crime,
testemunho sem fatos.
Sentiu
a energia mortal da destruição.
Respirou
fundo a acidez do ambiente.
Abriu
os olhos lentamente.
O
silêncio reinou em meio ao caos.
Nada
se ouvia em quilômetros.
Uma
lágrima desceu deixando um risco na poeira escura do seu rosto.
Havia
uma trilha.
Estreita
e cheia de curvas.
Mas
havia uma trilha.
Deixou
o passado em seu lugar, os caminhos largos destruídos pelo tempo.
Seguiu
em frente apertando o corpo.
Abatido
pela catástrofe, rumo ao desconhecido.
“Novos
horizontes, se não for isso, o que será?”
Rafael
Freitas