terça-feira, 7 de junho de 2011

Metade

Hoje, separei-me de mim mesmo.
Metade ficou e a outra partiu.
Metade de mim foi ao banheiro
Enquanto a outra metade comia torradas com chá.
Noite fria é assim mesmo.
Uma foi à geladeira
A outra ao supermercado.
Uma à farmácia
A outra ao bar.
Tenho a impressão que metade de mim
Nunca mais encontrará a outra metade.
Nunca mais serei eu mesmo
Ao menos por inteiro.
Serei metade.
O mais estranho não é ser metade,
É não procurar a outra metade
Que nem sei se ainda me é.
E se me for, como eu não me sei?

                                                       Rafael Freitas

2 comentários:

  1. Fala Rafa!

    Não sabia que era poeta também. Parabéns e continue o bom trabalho, não deixe essa arte morrer!

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  2. Tudo é uma questão de ótica. Se olharmos a metade como sendo a meia parte do inteiro, aí nos sentimos mutilados, pois nos enxergamos como metade, o que, aliás, não é o caso. Metade sempre nos divide, nos torna incompletos, dependentes da outra metade.
    Somos inteiros e únicos e por opção preferimos nos ver como metades em busca de metades. Somos sozinhos e talvez isso nos assuste.
    Cara! Nem sei porque escrevi isso...deu “tuim” na mente.
    Abraços
    Amigo Inconveniente

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