Eu vejo as folhas despencando das árvores
E sinto a tristeza boa dos fins de outono.
Aquela solidão querida e necessária
Para o despertar de novos dias, olhar novos caminhos.
Não raro me deparo a examinar as flores
Gosto muito dos ipês, dos lírios e dos manacás.
Não vejo a beleza existente no concreto.
Essa beleza certamente existe, mas não a vejo.
Passeio pelos dias esperando a chance de descansar
Esperando a desforra dos horários herméticos,
Dos salários curtos, dos dias sem a luz do sol.
As cortinais azul escuro não tem beleza,
Somente o vento que as faz subir
E derrubar meus óculos, meu copo d’água, meus papéis.
Papéis inúteis para a vida. Papéis simplesmente inúteis.
Nesse mundo de burocracia e voto obrigatório
Onde habita a liberdade do olhar, do pensar?
Pensamos a liberdade como inerente ao ser
Mas não. Ela se desprende a cada passo nosso
Em direção aos padrões das propagandas de margarina.
Não precisamos de carros novos, aviões de prêmios,
Nada disso. Ou daquilo. Ou isso. Ou aquilo.
Ando tão perdido em devaneios e quimeras
Que acordo dentro do meu próprio sonho.
As folhas outonais são livres. Caem e voam ao vento.
Libertam-se levemente do cárcere dos galhos.
Mesmo assim estão presas às estações.
Rafael Freitas
Tá muito poético hem sr.Rafael Freitas.
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