terça-feira, 31 de julho de 2012

Sobre o fim e outras coisas


Sua presença indesejada em meu corpo
Desde o nascimento até agora
Sua sombra na penumbra do meu quarto
Nas noites tristes de insônia
Sua cor estampada em meus olhos
E na voz triste do meu pai
Sua felicidade no motorista imprudente
Seu prazer em minhas esbórnias relutantes
Sem sentido, em busca de não sei
Seu tesão nessa tosse incessante, ansiosa
Em meus maços de cigarro já vazios
Em meus copos de whisky pelo meio
Em minha falta de respeito pela lei

Em meu temor idiota pelo nada.
Ser um nada, sem um nada, ver a nada.

Dessa vez pode não ter jeito
Nem ser fácil como meu dia natal
Pode ser que sua espreita gere frutos
E que sacie sua fome afinal
E minha história não será como eu queria
Não verei os lindos olhos mais maduros
Espero ao menos ser saudade em algum peito
Como fui plano em várias vidas e futuros.

O fim nem sempre é triste:
Pode ser a apoteose do espetáculo.

                                                          Rafael Freitas

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