Seus deslizes, seus desvios
Seu egoísmo ignorante
Seus vícios que destroem.
Enxergar sua sina em ser sozinho
Sua mania de limpeza, de esperteza
Suas falhas de caráter, de conduta
Sua paixão por pinga, pó e puta.
Olhar no espelho e ver nos olhos
A vermelhidão da insônia
A barba que lhe soma mais idade
O cigarro amarelo nos seus dentes
O seu ar superior de crueldade.
Ver sua alma esgoelante refletida
Na água da privada em que vomita
E entender que o mundo espera de você
A diferença taciturna dos pedestres
Especial em ser comum é o que deve.
Sim, você devia entender os outros
Colocar-se no lugar alheio
Sentir a dor que provoca prantos
Esperneio e choro baixo pelos cantos.
Você podia se enxergar em mim
Não me deixar o esperando horas
Não desligar seu telefone à noite
Ver-se em meu corpo ao despertar da aurora.
Você devia olhar bem no fundo
E enxergar o que seu peito sente
Ver se me encaixa em seus planos sujos
É o que quero mesmo sem querer.
Rafael Freitas
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