quinta-feira, 16 de maio de 2013

O que acaba no domingo


A solidão fria dos trens lotados
O pensamento amargo
Nas gulags municipais
O susto cego das noites frias
E a certeza de ser feliz
Três noites por semana
Doze dias por mês, poucas horas
Para uma vida inteira
Que acaba no domingo.

Não quero mais ser este
Este só, somente
Quero soma, adição
Nem calor, nem frio
Olhos vidrados na escuridão
Memórias vagas
Que não lembram rostos
Só sentem cheiros
Lembram sorrisos.

Não quero mais ser este
Este só, semente
Vida nova brota e flore
Por mais que os olhos chorem
São nascentes para os sonhos
Quer acabam às despedidas.

                                                Rafael Freitas

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