Ontem aparei a grama.
A cor do portão mudou.
A bananeira, depois de um
longo tempo, novamente floresceu.
Tenho alguma fixação
neste jardim.
Não é lindo, nem tão
florido, mas disponho meu tempo à alguns cuidados.
Cuidados mínimos, eu sei,
mas que me afastam deste mundo tão cheio de réplicas.
Não nasci para este
lugar.
Deve ser por isso minha
resistência ao choro nos primeiros instantes, minha sede insaciável, meu
afogamento em goles.
Não devia ter ficado.
Não sei por que ainda
espero o fim da festa.
Aqueles finais onde as
mulheres mais bonitas já desbotaram a maquiagem, onde os galãs mais idiotas já
embebedaram seus curtos vocabulários.
O fim da festa.
Eu moro muito longe e
sozinho e mesmo assim incomodo.
E, apesar destas
mandingas espalhadas pelos cantos, apesar destes arrepios em presenças
ilustres, ainda vou seguindo.
O que mudou?
Não espero mais o fim da
festa.
Se soubesse antes o que
sei agora, mudaria meu destino naquele dia fatídico.
Era março, era tarde.
A festa só começou.
Rafael Freitas
Muito bom...
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