quinta-feira, 30 de abril de 2015

A eterna carta a Théo

                Não ando só. Provei da solidão por tempos, senti o frio da casa enorme, dos dias silenciosos, novembros eternos.
                Acendi velas, rezei, pedi. Busquei em mim o que sempre esteve ali e nunca foi notado. Enxerguei a mim mesmo em seus olhos. Olhos vivos, espertos, de vidro. Olhos meus, do oriente, atentos ao enorme castelo, atentos à pequena formiga.
                Amassamos barro juntos, abraçamos um ao outro.
                Devia ter ouvido mais seus olhares, seus sorrisos. Por não ouvir, agora tento corrigir meus erros e o que não tem mais remédio luto para aprender a conviver.
                A vida é esta batalha que vemos e vivemos todos os dias. Eu sei. Você sabe.
                Meu presente e minha obrigação de não desistir moram em você. Moram em nosso amor, moram em nossos olhares, segredos e silêncios.
                Você é generoso, abriga o mundo em seu coração. Agora abriga o irmão não consultado. Sempre prevendo o futuro, a diferença da idade com o passar dos anos, as possibilidades de diversão, do riso vivo.
                Agora e sempre vocês são minha família. Você e seu irmão, que um dia, quem sabe, se acerta e se ajeita ao nosso jeito, à nossa maneira de encarar a vida.
                Já se foi mais um ano. O mundo cresceu. Você cresceu. Nossa família cresceu.
                Meu amor sempre cresce.
                Let’s go. Hey, ho!

                                                          Rafael Freitas



                

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