sexta-feira, 11 de maio de 2012

Cartolagem


Gol!
De virada é mais gostoso!
Nossa! Esse time é demais!
Isso era o que se ouvia naqueles dias turvos.
Paulista, Brasileiro, Libertadores, Mundial, a puta que o pariu!
Fogos, estampidos.
Em seu disfarce, em meio a tanta idiotice, não se ouviam os tiros.
Derrubou uma a uma.
Rasgava os uniformes, beijava os brasões e contorcia-se em êxtase profundo.
Ninguém viu, ouviu. Só sentiram falta.
Briga de torcida – pensaram.
Proibiram as “organizadas” de assistirem aos jogos.
Foi para segunda divisão, lá a fiscalização era menor.
Pena que os fogos também.
Optou pelo estrangulamento.
As líderes de torcida eram mais feias, mas isso não importava.
Vagabundas. Marias chuteira.
Beijou brasões e brasões sem nunca ter torcido por time algum.
Nem tinha motivos para isso.
Em sua vida imbecil nunca foi fiel, nem independente. Assemelhava-se mais aos urubus e aos porcos.
Chafurdava aqueles corpos frios como lavagem, mordia-lhes as orelhas como se dilacera a podridão.
Tudo sem pagar entrada.
Sabia verdadeiramente o que era cartolagem.

                                                                                                   Rafael Freitas

Nenhum comentário:

Postar um comentário