Gol!
De virada é mais gostoso!
Nossa! Esse time é demais!
Isso era o que se ouvia naqueles dias turvos.
Paulista, Brasileiro, Libertadores, Mundial, a puta que o
pariu!
Fogos, estampidos.
Em seu disfarce, em meio a tanta idiotice, não se ouviam os
tiros.
Derrubou uma a uma.
Rasgava os uniformes, beijava os brasões e contorcia-se em
êxtase profundo.
Ninguém viu, ouviu. Só sentiram falta.
Briga de torcida – pensaram.
Proibiram as “organizadas” de assistirem aos jogos.
Foi para segunda divisão, lá a fiscalização era menor.
Pena que os fogos também.
Optou pelo estrangulamento.
As líderes de torcida eram mais feias, mas isso não importava.
Vagabundas. Marias chuteira.
Beijou brasões e brasões sem nunca ter torcido por time
algum.
Nem tinha motivos para isso.
Em sua vida imbecil nunca foi fiel, nem independente.
Assemelhava-se mais aos urubus e aos porcos.
Chafurdava aqueles corpos frios como lavagem, mordia-lhes as
orelhas como se dilacera a podridão.
Tudo sem pagar entrada.
Sabia verdadeiramente o que era cartolagem.
Rafael Freitas
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