quarta-feira, 20 de junho de 2012

Cachorro cego


Dentro de mim vive um cachorro cego
Que morde a esmo
E uiva a lua ao meio dia

Um cão que deseja amor platônico
Desses que não se sabe nem o nome
Nem endereço ou profissão

Pois quando se sabe o nome
Logo se descobre o que não se quer saber
Animalescas incompatibilidades

Dentro de mim vive um animal
Que escreve à pata suja
Poemas infindáveis de amor eterno

E no fundo sabe, sem duvidar
Que poemas de amor são como água:
Sem cor, cheiro ou paladar

Apenas carregam em si a vida
Que nunca se sabe se quem escreve
Realmente vive ou sente.

                                                                           Rafael Freitas

Nenhum comentário:

Postar um comentário