sexta-feira, 1 de abril de 2011

Tardes de domingo

Domingo.
O dia mais desprezível da semana.
Não por ser o primeiro dia
Nem por ser véspera de segunda-feira.
O silêncio nas (das) ruas também é bom.
Feira livre, passeio com a família.
Mas e aqueles programinhas de TV!
Uns filhos da puta
Exploram a desgraça humana
E lucram muito com isso.
Meu vizinho liga seu televisor no volume máximo.
Destrói meu começo de semana.
Crianças gritando músicas desesperadamente
E o auditório aplaudindo.
Homens e mulheres se humilhando em provas ridículas
Por conta de uns trocados
E o auditório aplaudindo.
Filhos querendo provar quem tem o melhor pai
E o galinheiro aplaudindo.
Só estão a salvo
A Inezita e o Rolando.
Gostaria que todos esses aproveitadores
Empresários do fracasso
Fossem apresentar programas no inferno.
Certamente o capeta
Que adora a desgraça
Desligaria a televisão.
Não posso mata-los
Tenho mulher e filhos.
Dou um tiro na tela
E alivio minha sede se sangue
E de tardes de domingo silenciosas.

                                                                                        Rafael Freitas