terça-feira, 15 de outubro de 2013

Não muito tempo

Há tempos não escrevo.
Não tenho tempo, vontade, leitores.
Não lhe dediquei um poema de aniversário.
Nenhuma crônica de fuga.
Nenhuma bula ou manual sobre como conviver comigo.
Há tempos.
Não muito tempo.
Talvez dias, semanas, meses.
Há tempos não a vejo.
Não me lembro mais do seu rosto.
Com esforço, só sorrisos.
Não escrevo desde que foi embora.
Mas, depois deste inverno, resolvi.
Minhas palavras estão tão vazias quanto meu coração.
Frases incompletas como os dias que seguem
Com sol a pino, fogo adornado por fogo
No céu azul do interior.
O que faz um poeta necessário?
A vida não poetiza o mundo.
Mas as palavras são necessárias.
Não para abstrações neste mundo escancarado.
“- Uma água, por favor.”
Deve ser pra isso que servem as palavras.


                                                           Rafael Freitas