terça-feira, 27 de outubro de 2015

Tímida carta a Pedro

Essa mania de querer me encontrar em você. Nos traços, no jeito.
Você não tem a minha cor. Não tem o meu olhar.
Por enquanto, um presente, barato, de montar. Um passado que não lembro.
Esquecer é um atalho pra felicidade. Conforto.
Esqueci. Meu conforto agora é com você.
Com você também.
Os meses passam rápido. Não temos tempo a perder. Não tenho muito tempo.
Vamos nos construindo, reconstruindo.
Uma história que poderia ser ruína hoje é um lindo jardim.
Quase em flor. Muitos brotos e a promessa de uma primavera.
Gosto do desafio do amor maior. É exigente, engolidor de sapos.
Engolidor de orgulho, de raiva, de tudo que sobra.
Amor é isso. Seguir em frente sempre, de mãos dadas, sob qualquer tempestade.
Hoje posso dizer, parafraseando o poeta, em outro tempo, não do amor que tive, mas do amor que tenho.
Pedro. A pedra que faltava nessa escada.
Rumo ao desconhecido nos conhecemos.
Que não sejamos tietes da imbecilidade.

                                          Rafael Freitas