sexta-feira, 22 de março de 2019

Queda livre


Era uma enorme e bela queda livre
Vento forte, cabelos soltos, por toda parte
Um corpo ainda quente em queda livre
Sentindo-se finalmente desprendido
Era linda a visão daquela queda livre
Abria a boca e os olhos o vento forte, cabelos
Pesava quase nada o corpo em queda livre
Que agora, depois de tanto, sentia-se liberto
A liberdade que se busca toda a vida
Estava em alguns segundos em pleno ar
A liberdade que não se compra e não se vende
Caía feito pena, feito rocha, feito fosse luva
A liberdade, meus amigos, caía bem
Ser livre cai bem a todo mundo, tenha certeza
A liberdade, meu caro, quando toca o solo
Não passa do recomeço de uma prisão

Rafael Freitas





terça-feira, 19 de março de 2019

O que não é belo


Ando com o argumento gasto
Como um sapato velho
Que ainda me serve
Mas está consumido e furado
Ninguém deseja coisa usada
O que é sujo, imundo
Não serve nem aos porcos
Que serão presunto
Ando com as idéias tortas
Não como a torre em Pisa
Idéias que não rendem beleza
Nem belas fotografias
E o que não é belo
Não serve a ninguém
O mundo esconde o feio
Como se não existisse
A felicidade anda a prazo
Daqui a pouco reaparece
Talvez pré-datada
Talvez hoje ou nunca mais
O que nos resta é esperar
Como se o tempo jamais passasse
Como se o rio não mais corresse
Como se não houvesse um final.

Rafael Freitas