terça-feira, 7 de junho de 2011

Metade

Hoje, separei-me de mim mesmo.
Metade ficou e a outra partiu.
Metade de mim foi ao banheiro
Enquanto a outra metade comia torradas com chá.
Noite fria é assim mesmo.
Uma foi à geladeira
A outra ao supermercado.
Uma à farmácia
A outra ao bar.
Tenho a impressão que metade de mim
Nunca mais encontrará a outra metade.
Nunca mais serei eu mesmo
Ao menos por inteiro.
Serei metade.
O mais estranho não é ser metade,
É não procurar a outra metade
Que nem sei se ainda me é.
E se me for, como eu não me sei?

                                                       Rafael Freitas