sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Nós

Entre velas e defumações
Entre pontos e canções
Entre pedidos e orações
Entre eu e as multidões
Fechei os olhos e vi você

Por entre cravos e camélias
Em meio a lírios e bromélias
Cheirando rosas amarelas
Pisando todas as flores belas
Sem esperar, você em mim

Não foi escolha, nem devoção
Não foi esquema, programação
Não foi um dia vivido em vão
Foi algo além da compreensão
Você em mim, eu em você

Agora conto cada segundo
Você aqui, eu no seu mundo
Sozinho sou um moribundo
Que sempre soube bem lá no fundo
Que era mesmo pra ser assim

                                             Rafael Freitas

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Nada além

Quem será por mim
A não ser eu?
Quem será que se esconde
A não ser eu em mim mesmo?
Por trás dessas paredes
Verdes de lodo, amargas de fel
Quem habita no escuro?
Quem desenha esses sonhos?
Quem destrói essas nuvens?
Faz nevar no dia claro de primavera?
Quem habita esse mundo estranho,
Essa rua morta, essa curva seca,
Esse mato alto, esse céu revolto,
Esse bar lotado, capela vazia,
Cabeça de porco, cheirando lavagem?
Quem será essa sombra que persegue
Que corre atrás da luz
E desencontra o dia e não enxerga a lua?
Que não enxerga
Não vê
Nada além do próprio umbigo.

                                             Rafael Freitas