terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Nada além

Quem será por mim
A não ser eu?
Quem será que se esconde
A não ser eu em mim mesmo?
Por trás dessas paredes
Verdes de lodo, amargas de fel
Quem habita no escuro?
Quem desenha esses sonhos?
Quem destrói essas nuvens?
Faz nevar no dia claro de primavera?
Quem habita esse mundo estranho,
Essa rua morta, essa curva seca,
Esse mato alto, esse céu revolto,
Esse bar lotado, capela vazia,
Cabeça de porco, cheirando lavagem?
Quem será essa sombra que persegue
Que corre atrás da luz
E desencontra o dia e não enxerga a lua?
Que não enxerga
Não vê
Nada além do próprio umbigo.

                                             Rafael Freitas

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