sábado, 11 de janeiro de 2020

Para Blake

Para Blake Edwards

Amanhã esse pensamento se transformará em palavras, dispostas enfileiradas, na perfeita harmonia.
Amanhã essa harmonia dispersa, feito um quebra cabeça, talvez se torne um hino, entoado por vozes chorosas em um dia seis de janeiro.
Amanhã esse hino de Reis contará sua história repleta de imaginação, feito o carneiro matado e sem pés, das roupas lavadas a mão.
Amanhã sua história será diferente, bonita e repleta de gente aos berros, que você não enxerga e não devolve um sorriso, nem dispensa atenção.
Amanhã esse sorriso sem dentes por medo de anestesia, cheio de resiliência, será menos pecado, afinal, rir é um mal humano.
Amanhã a resiliência, que  hoje exige dureza, será leve e tranquila e o carneiro em pé entrará no paraíso dos terços da misericórdia às três horas da tarde.
Amanhã talvez a gente se entenda e se conheça depois de tantos anos, embora nossa história seja para depois.
Uma história para se entender somente depois de amanhã.

Rafael Freitas