terça-feira, 24 de maio de 2011

Bolero de Ravel

Bolero de Ravel – Menalton Braff

O livro de Menalton Braff tem uma narrativa surpreendente e por vezes complicada aos leitores desatentos.
Bolero de Ravel é uma história contada por Adriano, um homem de 35 anos que ainda vive e se comporta como adolescente, apresentando sinais de insanidade em suas interpretações da realidade e na relação de amor e ódio que mantém com a irmã Laura, advogada bem sucedida que ao seguir os passos do pai vê no irmão mais velho uma pessoa infeliz e inútil.
Adriano se vê sozinho após a morte dos pais em um acidente, o que o faz ficar trancado na escuridão da casa recém desabitada da família, misturando em sua mente o passado e o presente, invenção e realidade.
A mãe, protetora do filho frente à tirania do pai, apresentou-lhe o prazer da música, tocando ao piano e presenteando o filho com o disco Bolero de Maurice Ravel. Para Adriano a única coisa que o ligava à realidade era o Bolero, que muitas vezes acabava antes de seus pensamentos.
As mãos peludas do pai criaram a imagem de “aranhas” habilidosas em Adriano que, ao decidir abandonar os estudos, optou por ser ninguém perante o pai, que sempre viu o filho como invejoso frente às conquistas da irmã.
Após o choque da morte dos pais, Laura dispensa a empregada da casa e deixa o irmão sobrevivendo dos restos da geladeira e de alguns trocados que pegou da gaveta da mãe. Sem tempo disponível para dar atenção aos devaneios de Adriano, Laura decide vender a casa da família e encontra grande resistência por parte do irmão solitário.
Junto aos dramas familiares, Adriano narra sua primeira experiência sexual com Marcela; a distância que se fez entre ele e seu melhor amigo Durval, com quem passava horas caminhando e discutindo filosoficamente as coisas da vida, além da visão de um cão amarelo que brinca com as gotas do mar e da visita que fez à um velório de criança, acontecimentos que não se pode identificar como verdadeiros no mundo ou em sua mente.

Resenha de Rafael Freitas.

A leitura vale a pena!

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