sábado, 8 de outubro de 2011

Minha casa

Eu odeio essa casa.

Esses cabelos

Esses olhos, essa boca

Essas orelhas grandes

Esse nariz, esse tronco

Esse resto.

Minha alma não merece

Essa morada sem graça

Sem vida, sem nada.

Já tentei pintar as paredes

Os braços, as pernas

As costas, as coxas

Mas a tinta só pode se ver

De dentro pra fora

De longe.

Já tentei lavar a morada

Sal grosso, sabão

Ervas santas e cremes

Mas a limpeza só se sente

De dentro pra fora

O olfato.

Já expus essa pele ao sol

Ao sereno, ao relento

E nada me adiantou.

Procurei faxineiras

Mulheres, besteiras

E a casa, a casa

A casa só se empoeirou.

E agora percebo sozinho

Que esse lar não é nenhum ninho

E o que é sujo

Incomoda e sobra

É o que vive sob esse teto.

                                                              Rafael Freitas

Nenhum comentário:

Postar um comentário