terça-feira, 12 de junho de 2012

O amor também morre de fome

Pendurei meu coração no varal
Exposto ao gosto do tempo
Ao pó, à fumaça, ao vento
Aos olhares, anseios, lamentos
Deixei meu coração bem à mostra
Para que não restassem mais dúvidas
Nem preciso fosse intervenção cirúrgica
Pra se ver em meu peito o amor
Sentimento tão nobre, tão belo
De sabor agridoce, suculento
Necessário ao mais vil purulento
Que vegeta só em seu desalento
Essa dependência estranha
Que em meu coração ainda existe
Entre a dor e o amor que resiste
Não me faz encontrar solução
Cubro o órgão vital com sal grosso
Carne seca, tenra e sem osso
E em farofa saciar minha amada
Com pimenta na hora do almoço
Sei que vai lamber todo prato
Prato estranho e ainda sem nome
Feito gente que sabe e que sente
O amor também morre de fome.

                                          Rafael Freitas

2 comentários:

  1. Espetacular! Você está cada dia mais inspirado!

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  2. ahhhhh seu eu te pego, coraçãozinho gostoso!

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