quarta-feira, 21 de maio de 2014

O fim da festa

Ontem aparei a grama.
A cor do portão mudou.
A bananeira, depois de um longo tempo, novamente floresceu.
Tenho alguma fixação neste jardim.
Não é lindo, nem tão florido, mas disponho meu tempo à alguns cuidados.
Cuidados mínimos, eu sei, mas que me afastam deste mundo tão cheio de réplicas.
Não nasci para este lugar.
Deve ser por isso minha resistência ao choro nos primeiros instantes, minha sede insaciável, meu afogamento em goles.
Não devia ter ficado.
Não sei por que ainda espero o fim da festa.
Aqueles finais onde as mulheres mais bonitas já desbotaram a maquiagem, onde os galãs mais idiotas já embebedaram seus curtos vocabulários.
O fim da festa.
Eu moro muito longe e sozinho e mesmo assim incomodo.
E, apesar destas mandingas espalhadas pelos cantos, apesar destes arrepios em presenças ilustres, ainda vou seguindo.
O que mudou?
Não espero mais o fim da festa.
Se soubesse antes o que sei agora, mudaria meu destino naquele dia fatídico.
Era março, era tarde.
A festa só começou.

                                                       Rafael Freitas




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