quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Segunda Carta

Seus olhinhos fitavam cada movimento daquele bico enorme e colorido.
            “Olha o tucano pai!”
            Eu ali parado com a cabeça gritando vida nova. Coisa estranha essa. Você já é independente. Escolhe o sabor do sorvete, a pizzaria e o quarto onde quer dormir.
            Certamente eu sou mais indeciso e confuso.
            “Eu quero o leão!”
            “Eu quero algodão doce!”
            “Eu não preciso tomar água!”
            Nossa, como você sabe das coisas!
            Mas não se discute filosofia com crianças. Sou seu pai e pronto.
            Sua mãe e eu não estamos mais juntos como casal, mas estaremos sempre unidos como pais.
            Você é minha alegria diária e minhas saudades também.
            Seja livre. Diferente das araras e tucanos e leões e atendentes de fast food.
            Meu coração dói ao pensar na sua independência. Mas meu corpo dói pelo trabalho, minha cabeça pelas cervejas, meus pés pelos meus tênis baratos e tudo isso passa.
            Eu vou estar sempre aqui. Ou ali.
            Mas vou estar.

                                                                                                 Rafael Freitas


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