domingo, 18 de setembro de 2011

Dionísio

Não quero dizer mais nada
Quero ouvir, eu tenho ouvidos.
Não quero encenar um texto
Quero assistir, pois tenho olhos.
Não vou compor música nova
Não tenho acordes em minhas mãos.
Não vou provar sua bebida
Quero sua língua em meu domínio.
Não vou mostrar minha aspereza
Eu me permito, eu tenho tato.
Não vou mais perder meu tempo
O tempo todo tenho relógios.
Vou aceitar minha nudez
As minhas roupas não são meu corpo.
Vou penetrar em seus sentidos
Meus sentimentos sem dimensão.
Eu me permito mais um cigarro
Mais um prosecco, mais um tropeço.

Hoje eu só pago pra ver
Eu simplesmente sou platéia.

Vivas a Dionísio
Em sua casa, meu coração.

                                                                      Rafael Freitas

Um comentário: